Uma magnífica paella serviu para colocar na mesa vários projectos de negócios para a próxima temporada.
Atenção!!!
Um texto do nosso colaborador e amigo
Joaquim Letria

VIANA DEVIA TER VERGONHA DO QUE FAZ AO COUTINNHO
O País tem assistido atónito e sem perceber ao final do drama dos velhos moradores e proprietários do prédio Coutinho, em Viana do Castelo, onde os poderes públicos os querem expulsar para demolir um edifício bem construído, dos poucos em Portugal com construção anti-sísmica, e de tal qualidade que até o átrio é revestido a mármore de Carrara.
Destroem-se assim vidas, memórias, recordações e
afectos para se construir um mercado municipal, no centro duma cidade, porque
um dia um primeiro-ministro especializado em deixar o país com uma mão à frente
e outra atrás achou o edifício uma aberração arquitectónica e os seus pares
partidários aproveitaram até hoje esse balanço para ganhar mais algum,
actividade em que se viriam a especializar e a praticar até hoje, a bem da
nação.
Sou vizinho do bairro da Jamaica, no concelho do
Seixal e conheço razoavelmente bem todas as regiões do meu País. Por isso não
posso deixar de me espantar que se proceda como se procede relativamente ao
prédio Coutinho, em Viana do Castelo. Conheço o bairro da Boa Vista e o da Cova
da Moura, o do Aleixo no Porto e muitas outras regiões degradadas que parecem
não preocupar minimamente as autoridades centrais e autárquicas como o prédio
Coutinho preocupa quem manda em Viana do Castelo.
Governo e autarquias não parecem
preocupar-se com factos como estes:
200 mil pessoas não têm nem banho nem duche em
Portugal; 18 mil famílias não têm qualquer sistema de esgoto; 44 mil pessoas
não dispõem de água canalizada; 55 mil pessoas não podem servir-se duma sanita; 81 mil pessoas
nunca usaram um autoclismo ; 5 por cento das casas não têm infra-estruturas
básicas;11 por cento dos portugueses não bebem água canalizada, ou seja um
milhão e cem mil pessoas e dois milhões e 300 mil portugueses recorre a fossas sépticas.
Nada disto parece preocupar os
contentinhos que nos governam e aqueles que gerem os fundos europeus. O que
preocupa uns e outros é disfarçar o défice, dar uma vaga ideia do que foi feito às poupanças de quem confiou na banca e deitar abaixo o prédio
Coutinho.
Em Viana vi, com tristeza, uma população
amorfa e amedrontada a não reagir ao que lhe fazem, incluindo a esta vergonha
que se passa com o prédio Coutinho. Meia dúzia de mirones a ver o que iam fazer
aos velhos resistentes do Coutinho enquanto os outros punham os olhos no chão.
Que tristeza de democracia esta em que vivemos…
JOAQUIM LETRIA
Gostamos de...