Jantar para celebrar os 25 anos de Alternativa de Pedrito de Portugal
Estiveram presentes, entre outros, o Dr. João Soares, o Dr. Pedro Santana Lopes, o Dr. Elídio Summavielle e Alice Vieira.
A Fadista Maria Armanda cantou e encantou com os seus fados
Salgueiro da Costa contrai matrimónio com Mariana Vasconcelos Fernandes
Um texto do nosso colaborador e amigo
Joaquim Letria
VERGONHOSO TRATAR-SE ASSIM O SÃO
CARLOS
Regressei a Lisboa um dia mais cedo para
assistir à Boheme em São Carlos. Não valeu de nada. havia greve e não havia
cantores nem bailarinos a cantarem e a dançarem ainda que todos estivessem
presentes no largo fronteiro ao teatro, o que proporcionou uma troca de ideias,
informações e opiniões civilizada e interessante entre público e artistas que a mim não surpreendeu mas
deixou muita gente estupefacta.
Há anos que os artistas da orquestra,
coros e corpo de baile de São Carlos pedem respeitosamente e com maneiras que
alguém daqueles que mandam neles lhes melhorem as condições de trabalho e
também lhes aumentem um pouco os baixos salários que auferem para dar prazer a
muita gente que os aprecia e a milhares de estrangeiros, entre os viajantes e
os turistas que esgotam os bilhetes daquele maravilhoso teatro onde ouvi os
maiores do mundo no século XX, designadamente Maria Callas, Di Stefano, Renata
Scotto, entre outros.
As queixas maiores dos artistas do Teatro
São Carlos que connosco conversavam, dando a cara e assumindo as razões da sua
greve eram não terem recebido, sequer, um telefonema, uma mensagem de
telemóvel, um telegrama, um SMS ou um Email em resposta ao pedido de contacto
da companhia de São Carlos. Também eu fiquei admirado porque desde a ditadura e
durante a democracia não me ocorre que os artistas líricos portugueses,
merecedores dum mínimo de respeito, assim tivessem sido tratados pela tutela,
como a “prima ballerina” chamava à senhora agora nomeada para exercer as
funções de ministra. É vergonhoso tratar-se assim o São Carlos…
O trabalho esforçado, as horas
ininterruptas de ensaios e de estudo de cada uma das especialidades, a pressão,
exigência e tensão nervosa com que cada artista luta para conquistar o respeito
que merece, obrigaria que a tal tutela tivesse, no mínimo, o respeito devido a
gente muito especial e única que confere ao nosso rosto de portugueses uma
qualidade respeitável, única e irrecusável. Não somos só bons a jogar futebol.
Também nas artes temos muita gente, e em particular muitos jovens, a merecerem o
maior apoio e a maior admiração.
Por isso, entregar esta gente a funcionários
boçais ou birrentos e, principalmente, sem maneiras nem saber estar, parece muito
mal. Para já, às dezenas de estrangeiros que atónitos escutaram as razões e o
tratamento desta greve. Não basta só vender-lhes sardinhas assadas. Enfim, pelo
menos levam mais alguma coisa que contar no regresso às terras civilizadas a
que pertencem.
JOAQUIM LETRIA
Gostamos de...