O
Cavalo visto por um leigo na matéria
Quando Deus criou o cavalo foi pródigo na
beleza e elegância que dispensou a este nosso companheiro na passagem pela vida
terrena.
Estatura bem proporcionada, patas e pescoço
compridos, arqueado, pelagem macia e de cores brilhantes e muito agradáveis à
vista, um adorno de crinas e outro na cauda que o tornam um modelo atrativo a
qualquer mestre da pintura. Possuidor de um olhar vivo de reprovação quando
algo não lhe agrada, mas de uma comovente doçura quando reconhece no seu dono
alguém que o trata com os cuidados que merece. Sem dúvida um dos seres mais
belos do mundo, tem sido o nosso companheiro e parceiro de trabalho desde há
milhares de anos. Veloz quanto o vento, muito resistente, no seu estado
selvagem não é um caçador, é antes uma presa que prefere fugir quando é atacado
mas, quando vê que não consegue escapar, sabe enfrentar o perigo e defender-se com
valentia. Muito sociável, estabelece facilmente vínculos de união com o homem e
com os outros animais.
Neste breve trabalho, a qualquer erudito
em hipologia não escaparia a oportunidade de lembrar que, segundo os estudos
biológicos, o cavalo está neste mundo desde há cerca de 55 milhões de anos,
sendo que o Eohippus é identificado
como um dos seus mais antigos ancestrais. Certamente acrescentaria que, por
volta de há três milhões de anos, a espécie Equus
apresentava já os cascos semelhantes aos atuais e teve a força e a capacidade
de se espalhar pelos quatro cantos do mundo. E foi assim que alguns milhares de
anos mais tarde, homem e cavalo se encontrariam para a realização em comum de
várias tarefas que envolveriam a guerra, a agricultura, o transporte e o
desporto.
Segundo consegui apurar, no período medieval, os “hunos”, uma comunidade guerreira e nómada, passava grande parte do
seu tempo montada no lombo deste animal. Parece que as tribos que compunham a
comunidades eram excelentes criadores de cavalos e adeptos de combates a cavalo
esgrimindo com destreza a espada, as lanças e os arcos. Alguns relatos dão-nos a
conhecer que os “hunos”, além de
guerrear, em alguns casos também dormiam no dorso do próprio animal.
Mas, como não sou um conhecedor profundo
nem um estudioso desta matéria, limito-me a fazer umas breves reflexões sobre o
assunto. Logo no início do texto teci um breve comentário sobre a beleza e
elegância naturais do cavalo, agora, a finalizar, outra breve reflexão. Assim:
- Quando estudamos o processo de dominação
da natureza pelo Homem, limitamo-nos a explorar eventos muito marcantes e pontuais,
como por exemplo o uso do fogo, a descoberta da agricultura ou a invenção da
roda. Em todos esses casos observamos que o homem é colocado no fulcro de todos
estes avanços culturais. O Homem é visto como o autor individual que, por
meio do uso de suas faculdades mentais, estabeleceu ao longo dos milénios
conquista atrás de conquista na luta pela sobrevivência. Porém, não é habitual
falar-se sobre os ganhos da humanidade logo que se começou a fazer uso do cavalo.
Creio que daria uma excelente tese de doutoramento.
Finalmente, recordar a lenda grega do
Centauro, quando no Universo os homens e os cavalos se
fundiam num só. Quando na Antiguidade Clássica se acreditava que as éguas prenhes só do vento pariam os mais velozes e mais belos cavalos do mundo - os “Filhos do Vento”.
fundiam num só. Quando na Antiguidade Clássica se acreditava que as éguas prenhes só do vento pariam os mais velozes e mais belos cavalos do mundo - os “Filhos do Vento”.
António Valente*
Não
se aproxime de uma cabra pela frente, de um cavalo por trás ou de um idiota por
qualquer dos lados. Provérbio Judeu
*Comandante de Linha Aérea e Licenciado em
História